O romance nos traz de novo a aldeia fictícia de Valmares, cenário de outros romances da escritora. Local onde a humilhação tem a violência de uma tempestade e o amor, a delicadeza de uma aragem. Lídia Jorge acredita que ela simboliza “uma terra do Sul”. Um lugar de ventos mediterrâneos e paixões desmedidas. Um espaço de transformação, no qual a cultura milenar sofre pressão do mundo globalizado. A idéia metafórica de mudança está presente, por exemplo, nas gruas que operam profundas alterações na terra. Trazem à superfície aquilo que antes repousava. O VENTO ASSOBIANDO NAS GRUAS, assim, se alterna entre dois universos: um contemporâneo, envolvido com a transformação acelerada, movido pelo instinto selvagem de futuro, e outro mais antigo, onde a história duma velha fábrica se cruza com a sorte de uma família numerosa, recém-chegada da África. Ligando estes antípodas está a personagem principal, Milene Leandro. Acompanhando sua trajetória, descobrimos um caso de amor, um crime e um segredo.
